29 março 2007

Nostalgia...

Não, eu nunca fui Sennista.
Não, eu não chorei quando o Senna morreu.
Sim, eu já chamei os Sennistas de Viúvas...

Mas...

Esta semana dois blogueiros-amigos Sennistas se manifestaram à respeito de seu ídolo de maneira tão equilibrada quanto nostalgica, e portanto, dignas de comentário.
Primeiro foi o Marcog, no Blig do Gomes e depois o Razor Blade no seu blog.
No post que o Flavio colocou com os vídeos do Senna guiando Marcog nos presenteou com o seguinte relato...

"Lembro bem porque tive a benção de estar lá naquele final de semana, a 1a vez que assistia uma corrida de F-1. Curiosamente, bateu na trave de ir assistir em 1991 e 1993. Ainda bem que em 94 deu tudo certo, e eu estava lá para, ainda sem saber, ver meu ídolo maior guiar.

Quanto a esse episódio, peço a licença dos colegas para contar como foi minha experiência:

- O que mais me impressionou na sexta-feira, foi a diferença de velocidade comparado todos os outros carros que passaram a manhã inteira andando na pista. Eram uns Veronas "equipadinhos", que faziam a curva do lado entortando tudo, nas inspeções de pista.
Era a 1a vez que eu ia a Interlagos em 15 anos, no mínimo, e acho que a 1a no traçado novo.

- Em seguida, o "assombro" com o ronco dos Ferrari V12. Eram os únicos carros de pilotos "não-brasileiros", para os quais a galera levantava quando passavam. O Alesi deu duas "bufadas" logo na nossa frente numa das passagens, e jamais esqueci daquele som. Era impressionante também constatar que, quando ele ou o Berger desciam o Mergulho, o barulho era mais alto do que qualquer outro carro que estivesse até mesmo descendo o lago, enchendo o motor.

- Eis que desce o "homi" pela primeira vez, lentamente, pelo "S". Foi a "hola" mais gigantesca que vi na vida, aquela fileira enorme de pessoas levantando, gradativamente, pra ver o cara passar. Até hoje, de lembrar, arrepia.

- A primeira vez que a bandeira do Senninha subiu, não lembro se no sábado, também foi impressionante. Nunca tinha ido a Estádio de Futebol, portanto, jamais tinha visto algo daquele tamanho. Foi na arquibancada logo ao meu lado. Fantástico.

O lance da chuva foi até curioso: finalzinho de treino de sábado, ele já com a pole, o tempo fecha e um companheiro de arquibancada tira dum mochilão uma lona de caminhão. Foi um puxa-puxa tão doido quando a chuva desabou, que acho que o coitado acabou ficando de fora da própria proteção. A chuva acabou instantes depois, começou a ameaçar um solzinho. Todo mundo olhou no relógio e pensou: " - M... hoje não rola mais nada\".

Começamos a descer as arquibancadas e um cara grita " - Ae, o Ayrton tá entrando no carro !!". Acostumados com as piadinhas desde sexta, soltamos um VTNC e continuamos andando. Quando estou passando por dentro da estrutura, pra chegar ao asfalto da reta oposta, ouço um ronco de motor lá longe. Paramos, olhamos com cara de "hein?" uns para os outros, e imediatamente sai correndo todo mundo de volta, feito doido. Era verdade.

Quando o Williams desceu o sol tava forte, aquele brilho bonito de sol "pós-chuva de verão" que deixa as cores mais vivas brilhava com gosto, e eu sei que jamais verei um carro de corrida tão bonito.

A galera foi simplesmente À LOUCURA, pulando feito doido, o cara passa dando tchauzinho, acho que até imaginando que tava dando um presente pra aquela galera que ficou lá, molhados dos pés à cabeça.... e foi a partir daí, deste exato momento, que pude compreender o porquê do cara ser tão especial no molhado.

Uma coisa é você assistir uma corrida na chuva, ver a marcação dos tempos, ver que um deles está sendo MUITO mais rápido que os outros. Outra é presenciar isso ao vivo, ver TODO MUNDO freando no fim do retão brigando com o carro, pneus travando e etc, e em seguida o sujeito passar liso, freando suave embora rápido, nenhum pneu "parado", contornar a curva como se só ele estivesse andando no seco.

Verdade seja dita, Schumacher também impressionava pela velocidade com a qual chegava na freada, assim como fiquei maluco ao vê-lo, nos treinos de 2005, entrando para os boxes em top speed, já se preparando pros approachs no dia da corrida. Poucos pensam nesse tipo de coisa, e é por isso que o este também foi especial. Mas, naquele 1994, sobrou vaia pra ele quando, lá em cima na Junção, rodou com gosto.

... mal sabíamos nós que teríamos a grande decepção de nossas vidas logo no dia seguinte, no mesmo ponto da pista.

Acho que essa é uma das lembranças mais bonitas e marcantes que guardo do Ayrton, junto com aquela 1a volta de Donington, 1993. Quem viu, sabe.

... agora deixa eu ir no banheiro, enxugar o rosto, porque não deu pra segurar."

É Marcog, teve mais marmanjo que chorou...

O post do Razor, que você lê aqui e que tem um grande valor histórico também.

Depois desses dois textos prometo não chamar os Sennistas de viúvas... essa semana...


PS - Marcog, qualquer reclamação por uso indevido deve ser encaminhada ao departamento jurídico do blog...

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