Inovação é algo que tem sido perseguido sistematicamente no nosso tempo. As pessoas se
obcecaram pela inovação.
Conservadorismo está fora de moda. É até um pouco feio ser conservador no nossos dias. As pessoas
se ofendem.
O imaginário coletivo decidiu que o novo é "
mais".
Mais
rápido, mais
barato, mais
bonito, mais
fácil.
As pessoas esqueceram que "
mais" é diferente de "
melhor"
A impressão que fica é de que a
vida ensina lições que nós fazemos questão de
esquecer.
Em
1879, exatamente no dia 28 de dezembro, ao custo estimado de
75 vidas, uma dessas lições foi ensinada.
A ponte sobre o rio
Tay, na Escócia, com suas quase duas milhas de comprimento, era a
mais longa ponte do mundo à época de sua construção.
Tendo sido construída para servir de ligação ferroviária entre as duas margens do rio, a ponte que ligava Dundee e Leuchars, era um marco da
inovação.
O engenheiro responsável por aquela preciosidade era
Thomas Bouch, considerado um
mestre das formas e estruturas.
Visando
economia, Bouch, usou ferro de sua própria fundição. O ferro era tinha
custo inferior ao praticado no mercado, mas também
qualidade inferior. Em nome da economia, Bouch
ignorou a necessidade de calcular as cargas que seriam geradas pelas
possíveis rajadas de vento (às quais a região era submetida constantemente).
O
custo, muito inferior ao de uma ponte "
convencional", foi o ponto central para a decisão das autoridades da época pelo projeto de Bouch.
Pronta, a ponte se tornou uma dessas obras que atrai a
atenção de todos. O presidente dos EUA, Ulysses Grant, visitou a Escócia para conhecer aquela
maravilha.
A ponte foi inaugurada em 1o. de junho de 1878, com uma grande festa e Bouch foi condecorado
Cavaleiro do Reino na mesma noite. A euforia era imensa, mas
não durou muito.
Menos de
dezenove meses depois, na noite de 28 de dezembro de 1879, durante uma tempestade, que
destelhou centenas de casas na região, enquanto uma composição, levando
6 vagões atravessava a ponte, sua
seção central cedeu, lançando no rio seus passageiros.
As investigações oficiais concluíram que Bouch era o
culpado pela ponte "mal
projetada, mal
construída e mal
mantida" e que a ponte capitularia cedo ou tarde, com ou sem os ventos.
Bouch morreria no mesmo ano, na cidade de Moffat.
Uma
segunda ponte, seguindo um projeto
convencional,
foi construída no ano de
1887, ao lado das bases que sobraram da original (foto abaixo).
Esta segunda ponte está lá até hoje.Não sou, nem poderia ser, contra a inovação.
Eu tenho medo é do fácil.