25 outubro 2006

Uma despedida bem vinda

Fazia um tempo que meus colaboradores não davam o ar da graça, e com isso também perdeu um pouco da sua.
Pois bem, hoje recebi o texto que segue do nosso amigo Roberto Brandão.
Como sempre, belo texto, idéias coerentes e bem postas.
Fica o ponto para discussão (civilizada).

Quem sabe o Joaquim se empolga e também dá o ar da sua graça.
Sem mais delongas...


UMA DESPEDIDA BEM-VINDA

O GP Brasil de Fórmula 1 de 2006, em Interlagos, marcou uma série de despedidas, como há muito não se via na categoria, talvez até um novo recorde. Uma das fornecedoras de pneus se retira, um dos mais brilhantes estrategistas de pista e diretor da equipe mais vitoriosa desta década vai descansar, patrocinadores que se vão em revoada, cedendo lugar a novos anunciantes, pilotos trocando de equipes e a despedida do maior gênio deste esporte, seu melhor piloto.

A especulação sobre a aposentadoria de Michael Schumacher, um rumor constante desde o início da temporada, parece ter desencadeado uma movimentação sem precedentes, nos últimos anos, provocando uma série de troca de pilotos e equipes, representando uma saudável renovação e oxigenação num mercado tão fechado e restrito.

Para o próximo ano, não há como disfarçar a ausência do alemão, que será muito sentida, bem como a de seu parceiro estrategista Ross Brown. Outras ausências serão mais facilmente absorvidas e, com o passar do tempo, estaremos acomodados e acostumados às mudanças. Porém, existem algumas ausências que serão muito bem-vindas, apontando para perspectivas de alívio imediato, em especial no que tange ao ambiente extra-pista e no convívio de apaixonados por este esporte.

A saída de Schumacher encerra com anos de ódios de insultos, a maioria vinda de parte da torcida brasileira que, saudosos de Senna e não encontrando para quem torcer, dedicaram-se, por anos e anos a odiar o alemão, como se ele fosse culpado de saber utilizar seu dom e talento inatos. Intolerantes e intransigentes, substituíram a paixão por um ídolo pela raiva a outro, justamente aquele já se apresentava como o grande nome da Fórmula 1. Seria o mesmo que, inconformados com a aposentadoria de seu maior ídolo, os alemães passassem agora a odiar e torcer contra Fernando Alonso, apenas porque este se apresenta como virtual substituto do heptacampeão.

Esta torcida brasileira, apelidada de viúva, poderia dirigir toda esta energia, torcendo, de forma positiva para os pilotos da terra. Seus torcedores, que costumavam dirigir todas as suas frustrações, recalques e complexos contra um competidor, ficaram mais uma vez órfãos, não tendo para quem torcer a favor, nem a quem odiar.

Para nosso alívio, é mais uma despedida que aconteceu. Só que esta, muito bem-vinda! Os textos ofensivos, a raiva, intransigência e intolerância se retiram. Os que fizeram disso uma motivação para assistir às corridas, devem estar pensando sobre o vazio de suas vidas a partir do ano que vem. Nós agradecemos a sua ausência e não sentiremos sua falta.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Brandão consegue, com rara maestria, apreender um momento e descrevê-lo à perfeição. belo texto, Mestre Brands, como diz o Caio.
A propósito, meu amigo Máximo, não é que sumi, é que ando bastante ocupado. Mas as colaborações não demoram, já que m,e foi franqueado o espaço.
Abs fraternos aos dois