29 agosto 2006

ELGAR GT 104

O amigo Joaquim Lopes, via aos poucos se tornando um parceiro neste blog. Me mandou há alguns dias a foto e a ficha técnica deste protótipo de competição brasileiro, e eu que andei trabalhando demais e blogando "de menos" estava em dívida com ele e agora quito meu compromisso...
O Elgar é o primeiro de alguns prótotipos de competição projetados e executados no Brasil que vamos mostrar. A idéia é mostrar o quanto o nosso automobilismo já foi mais criativo e BBB (bom, bonito e barato), principalemente, quando comparamos aos dias atuais, com a chatice tubular-monomarca que impera nos autódromos Tupiniquins.Eu ia criar uma categoria no blog e chamá-la de Carros dos Sonhos, porque acredito que cada protótipo que será mostrado aqui começou com um sonho, de alguém que era apaixonado por corridas, mas na verdade, o Joaquim me esclareceu, TODOS carros nascem de um sonho. Grande Joaquim.
Sem mais delongas, com vocês o ELGAR CT 104


O ELGAR GT 104 O Elgar Gt 104 foi um protótipo idealizado e construido pelo piloto gaúcho Ênio Lourenço Garcia, radicado em Brasilia desde o inicio dos anos 60. Descontente com o desempenho de seu fusca de competição, que havia ganhado quase todas as corridas que participara em 1968, Ênio decidiu desenhar um protótipo com chassi especial que utilizasse os componente mecânicos de seu ressistente fusca vencedor. Partiu então de um chassi com longarinas e travessas em chapas de aço, que recebia tubos que reforçavam a estrutura triangular traseira que, por sua vez, era apoiada na caixa de câmbio. Esse arranjo, segundo Ênio, tinha por objetivo reduzir a torção do chassi. Construído pelo também piloto brasiliense Waldir Lomazzi, esse chassi recebeu as partes mecânicas do fusca, ou seja, eixo dianteiro (corpo, mangas, feixes de barras de torção), freios (da Kombi, a tambor, com furos adicionais para ventilação), caixa de direção sendo a mesma do fusca sedan 1200, mas com a caixa de direção deslocada para o centro, com braço de acionamento das barras mais longo, “mais rápido”, de acordo com Ênio. O motor era inicialmente o VW 1500 usado na Kombi e no Karmann Ghia, mas com a cilindrada aumentada para 1600 e dupla carburação. Logo deu lugar a um motor maior, de 1800 cc e por fim substituído por um de 2000 cc com virabrequim roletado, importado dos EUA. Nesta versão, alimentado por dois carburadores Weber 45, comando Puma P-3 e cárter seco, o carro atingiu seu ápice, acoplado a uma caixa de câmbio P-3 e diferencial autoblocante ZF importado. Completava o conjunto um jogo de rodas esportivas de liga leve da Italmagnésio, tipo “castelinho”, muito utilizadas pelos Karmann Ghia e fuscas na década de 60. Com a estrutura pronta, Ênio pôde dar forma à carroceria moldada em fibra de vidro, gerando um modelo belíssimo, com linhas modernas e equilibradas, claramente inspiradas no Porsche 718 “Coupé Le Mans”, vencedor da Targa Florio de 1963. O pára-brisa, retirado de um Willys Interlagos integrou-se tão bem às linhas gerais do carro que parecia ter sido feito sob encomenda. Duas unidades foram então construídas e estrearam na tradicional prova “Mil Km de Brasilia” de 1969, uma delas com a dupla Ênio Garcia/ Toninho Martins ao volante. Com problema naturais de estréia terminaram em sétimo lugar, atrás de duas Alfas GTA e uma BMW, carros muito mais evoluídos técnicamente. Ênio Garcia continuou competindo com o Elgar por mais dois anos em provas realizadas em Brasilia, Goiânia , Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo com resultados sempre significativos, mas as duas versões do Elgar acabaram por se tornar obsoletas frente ao desenvolvimento de outros carros e o advento de protótipos importados no automobilismo brasileiro. As duas únicas versões do Elgar GT 104 tiveram destino inglório: o carro pertencente a Ênio Garcia foi destruído num incêndio, enquanto a outra unidade, depois de passar por vários proprietários, teve as portas laminadas e a capota cortada, sendo seu último aparecimento numa prova de arrancada realizada na marginal do Rio Pinheiros em São Paulo, em 1971. Sem dúvida alguma, o Elgar Gt 104 foi uma das mais belas e vitoriosas versões de carro de corrida brasileiros montada sobre a mecânica VW e um dos ícones da geração dos anos sessenta.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sem duvida Maximo ,o Elgar foi um carro belissimo!
O Lampionico Joaquim no primeiro Farnel nos contou um pouco desse GT 104,mas fica uma pergunta.
Por que 104?

Jonny'O

JM resende. disse...

Trabalhei na ELGAR som e motor na década de 80, lá conheci Ênio Lourenço Garcia, um ser formidável, educado tinha prazer em passar seus conhecimentos para o próximo. Me lembro quando ele me mostrou um desenho de um DKW-Belcar modificado carroceria curta sem as duas portas trazeiras...ele era muito bom no que fazia...